Deputados visitaram na segunda-feira a cidade mineira que vive a iminência do rompimento da barragem da mina Gongo Soco
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho vai investigar suspeitas de crimes da mineradora Vale em Barão de Cocais. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (28), um dia após os deputados terem visitado a cidade mineira, que vive a iminência do rompimento da barragem da mina Gongo Soco, da Vale. Apesar de o fato determinado da CPI ser o crime socioambiental de Brumadinho, o presidente da comissão, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), lembra que a investigação também visa "avaliar formas de reduzir os riscos de novos acidentes". "Em Barão de Cocais, já tem acidente social, econômico e psicológico. A gente
não tem que esperar a barragem romper e matar para poder apurar. Então, a gente já vai apurando aquilo que é possível". Jazida Uma das denúncias diz respeito à possível pesquisa mineral de áreas recentemente evacuadas em três municípios. Segundo reportagem do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, a Vale tem omitido a existência de uma jazida de 430 mil toneladas de minério de ferro em uma área hoje coberta pela lama de rejeitos, em Brumadinho. A mineradora teria comunicado essa pesquisa ao extinto Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em 2010 e, após a tragédia, teria pedido à atual Agência Nacional de Mineração (ANM) o sigilo sobre esses dados. Nos acordos promovidos pela Defensoria Pública, o Movimento dos Atingidos por Barragens tem denunciado o interesse da Vale em se apropriar dos terrenos das vítimas indenizadas. Os deputados da CPI ouviram as mesmas denúncias de moradores que tiveram de deixar suas casas por risco de rompimento de barragens nos municípios de Barão de Cocais (povoado de Socorro) e Nova Lima (distrito de Macacos). Para Delgado, as medidas adotadas pela Vale no povoado de Socorro, em Cocais, reforçam a denúncia. "Em relação a essa possibilidade de a Vale estar prospectando em área que tem tantas vítimas: isso é um absurdo se estiverem fazendo qualquer tipo de prospecção. E é o que a gente agora suspeita de uma forma muito forte. Poderiam achar um local para colocar a barreira de contenção antes de Socorro, mas não, colocaram de dois a três quilômetros depois. É muito grave mesmo". Ouvida pelo jornal O Tempo, a Vale garantiu que "jamais realizará atividades de exploração minerária" nas áreas citadas. Nesta terça, a CPI ouviu dois engenheiros geotécnicos da Vale, que disseram desconhecer informações sobre essa denúncia.
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