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Diligência em Barão de Cocais

CPI de Brumadinho decide fazer diligência em Barão de Cocais e visita à embaixada da Alemanha


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Os deputados que compõem a CPI de Brumadinho decidiram fazer uma diligência no município de Barão de Cocais (MG) e uma visita à embaixada da Alemanha na próxima semana. Possivelmente na segunda-feira (27), eles vão acompanhar as ações diante da iminência de rompimento da barragem Gongo Soco, da mineradora Vale, em Barão de Cocais. Até quarta-feira, haverá reunião com o embaixador da Alemanha, em Brasília, a fim de viabilizar a investigação da CPI sobre a empresa alemã Tüv Süd, que atestou a estabilidade da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho, em 25 de janeiro.

O presidente da CPI, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), argumenta que os funcionários da empresa alemã no Brasil têm buscado habeas corpus preventivo para ficarem calados na comissão ou estão fora do país.

"O senhor Marlísio Cecílio, engenheiro da Tüv Süd, informou que se encontra na Austrália fazendo doutorado e não tem como comparecer. E o senhor Chris-
Peter Meier, diretor de negócios e desenvolvimento da Tüv Süd, está na Alemanha. Nós temos uma audiência com o embaixador da Alemanha para sabermos como vamos convocá-lo e como o embaixador vai tratar da Tüv Süd", explicou.

Empresa brasileira Nesta terça-feira (21), os deputados ouviram engenheiros responsáveis pelo monitoramento da barragem do Córrego do Feijão. Apesar de integrar um consórcio com a Tüv Süd, a empresa brasileira Potamos discordou da avaliação alemã sobre o nível de segurança da barragem da Vale, em Brumadinho. Coordenador de projetos da Potamos, o engenheiro Fernando Alves Lima disse que, em novembro de 2017, a Vale foi informada da necessidade de reforço estrutural. Posteriormente, um estudo de ruptura hipotética também desaconselharia um laudo de estabilidade.

"Esse estudo de ruptura foi consolidado, no primeiro semestre de 2018, em um relatório técnico e um conjunto de mapas emitido para a Vale e disponibilizado para a empresa que estava executando o plano de ação de emergência. Então, as informações estavam disponíveis".

Os deputados ressaltaram que, apesar de informada, a direção da Vale nada fez para retirar previamente funcionários e moradores da área inundável pela lama de rejeitos minerais. Além disso, informações importantes como baixo fator de segurança mostrado por piezômetros e radares não foram devidamente passadas à Agência Nacional de Mineração. Responsável pelo monitoramento da barragem, a engenheira geotécnica da Vale Cristina Malheiros justificou o não envio desses dados à ANM.
"Todas as anormalidades da barragem que foram identificadas foram reportadas aos consultores e aos projetistas. Em nenhuma delas, foi considerada a necessidade de reportar à ANM porque nenhuma delas indicou condição de instabilidade da estrutura", afirmou.

Cristina Malheiros disse que deformidades estruturais mostradas em radares não foram levadas em conta porque os aparelhos estavam em teste e se mostravam muito sensíveis a elementos que não interferiam diretamente na estabilidade da barragem, como vegetação e deslocamento de animais na área. Segundo Malheiros, que vistoriou a barragem in loco dois dias antes do rompimento, a Vale privilegiou outros medidores, como marcos topográficos e inclinômetros, que não apontavam riscos mais graves.

O gerente de geotecnia corporativa da Vale, Alexandre Campanha, desmentiu, na CPI, denúncias de que teria pressionado funcionários da empresa alemã Tüv Süd por laudo favorável à estabilidade da barragem. Cristina Malheiros e Alexandre Campanha chegaram a ser presos provisoriamente em fevereiro, acusados de negligenciar os riscos de tragédia em Brumadinho. Mesmo soltos, estão afastados das funções na Vale por recomendação do Ministério Público.

Responsabilidade A deputada Áurea Carolina (PSOL-MG) sintetizou a avaliação de vários outros parlamentares quanto a possível proteção dos servidores à cúpula da Vale. "Me impressiona muito nessa trama que ninguém se responsabiliza. É um jogo de empurra-empurra danado. Parece que o processo decisório, na medida que sobe, é na verdade um abismo, um buraco sem fundo, porque as responsabilidades se esvaem completamente. Vira um negócio etéreo."

Fonte: Câmara Federal

          

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